Muitos gols e boa atuação brasileira entusiasmam torcedores
Com cinco substituições, Parreira consegue dar a agilidade que faltava à seleção. E a emoção aqui no país foi a mil durante jogo contra a seleção japonesa
Aerton Guimarães
Jornal Sgrobous, Brasília, 23 de junho de 2006
Caderno de Esportes – página 13
No jogo de ontem, a emoção tomou conta da casa dos Cipriano, família residente no Guará. Reunida em peso, além de contar com a presença de vários amigos, ela assistiu com êxtase ao melhor jogo do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo. Muita comida, cerveja e animação completaram a festa.
Minutos antes de começar o jogo Brasil X Japão, o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, anunciava as mudanças no time: cinco substituições, mais do que qualquer torcedor brasileiro esperava. Adriano, Zé Roberto, Emerson, Roberto Carlos e Cafu deixaram o time para as entradas de Robinho, Juninho Pernambucano, Gilberto Silva, Gilberto e Cicinho.
A estudante Bruna Gomes, 11 anos, recebeu a notícia com entusiasmo: “Esse time vai defender muito bem”. Bruna, que é fã do goleiro Dida, apostou com firmeza: “vai dar 3X0 para o Brasil”.
Para Artur Manoel, 12 anos, o jogo não seria fácil. “O Japão vai fazer muita pressão”, garantiu. Ainda assim, o adolescente apostou no placar de 2X0 para o Brasil.
Início da partida, todos atentos. Eram quase 30 pessoas com olhares atentos ao telão de cinema comprado exclusivamente para assistir à Copa. Após seis minutos de jogo, o Brasil já faz seu primeiro chute ao gol. Alarme falso, os torcedores gritam em vão. É Ronaldo, que dá indícios do show que faria posteriormente.
Com outro chute, só que de Kaká, antes mesmo dos dez minutos do primeiro tempo, Aécio Cipriano não esconde a decepção com a defesa do goleiro japonês. Mais um, depois outro e ainda outro! Haja coração. Antes de 20 minutos de partida, já são cinco finalizações, porém sem sucesso. Ricardo Gomes, 10 anos, não tira os olhos do telão nem por um instante, ansioso para ver a rede balançar.
Já se passaram 30 minutos. Oito finalizações brasileiras e nenhum gol. Cristina Alves não consegue ficar parada. Espreme os olhos, se encolhe na cadeira e reclama com a amiga sobre os erros dos jogadores sugerindo movimentações, como todo bom torcedor que decide atuar como técnico da seleção.
Três minutos depois, silêncio quase total. Só se ouve a narração abafada de Galvão Bueno na sala, com o gol de Tamada, da seleção japonesa. Joelza Gomes cruza os braços insatisfeita. Os torcedores se mostram decepcionados e exigem uma reação do Brasil. Seria aquela a primeira derrota do país na copa? Não. A reação viria em seguida. Quando Ronaldo entra na pequena área, Joelza respira fundo. Lá atrás, a avó da família, Dona Santa, levanta e dá um grito: “É só chutar pro gol”. E parece que o brado ajudou. Aos 46 minutos do primeiro tempo, o Brasil empata com o chute certo de quem seria consagrado, logo logo, o maior artilheiro de copas do mundo.
Gritaria, todos pulam de felicidade. Com o fim do jogo, é hora de aproveitar os petiscos e a refeição preparada: muita pipoca, cerveja, refrigerante e caldos, que combinaram muito bem com o friozinho daquele final de tarde.
De virada é mais gostoso
Com o início do segundo tempo, mais emoções. “A gente podia perder esse jogo para a seleção baixar um pouco a bola”, criticou Cristina.
Aos cinco minutos, mais um chute de Ronaldo rumo ao gol. E mais um erro. Várias pessoas reclamam da mira de nosso atacante. Porém, dois minutos depois, Juninho Pernambucano chuta de fora da área e acerta a mira. Era o segundo gol da seleção, para alívio dos torcedores. Foi uma surpresa para todos, que vibraram fortemente.
Não deu nem para respirar. Aos nove minutos, mais uma cabeceada de Ronaldo, porém mal sucedida. Aos 13 minutos, o lateral-esquerdo Gilberto avançou e marcou o 3º gol. Agora a risada é solta. Fica no ar a sensação de “essa eu já sabia”. O pequeno Pedro Henrique, 2 anos, já nem presta atenção no jogo. Para ele ficou sem graça a facilidade com que a seleção massacrava o Japão de Zico, com um futebol que há tempos não se via.
Robinho também tenta brilhar, mas não consegue. Esse dia era mesmo de Ronaldo. Aos 35 minutos ele marca mais um, para calar aqueles que o condenavam por causa do sobrepeso.
A concentração e nervosismo do primeiro tempo foi esquecida. Desde o segundo gol brasileiro, todos os presentes na casa dos Cipriano só queriam saber de rir, contar piadas e relaxar.
Fim de jogo, placar de 4X1 para o Brasil. Muita comemoração e abraços calorosos. “Eu estava torcendo pelo Japão, mas depois dos dois gols que o Brasil fez, eu me rendi”, declarou a agora sorridente Cristina, contente por Ronaldo, o jogador com o maior número de gols em uma Copa do Mundo, ao lado do alemão Gerd Müller.
Classificada em primeiro lugar em seu grupo, a seleção brasileira enfrentará, nas oitavas-de-final, a seleção de Gana no próximo dia 27, ao meio-dia. Muita emoção ainda está por vir.
Feita originalmente para a disciplina Técnicas de Jornalismo.
1 Comments:
O voto na opção das fotos foi meu! Pura maldade! Só porque não tinha nenhum voto. Hehehe. Abraço Aerton!
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