terça-feira, setembro 06, 2005

Ser ou não ser

Não sinto. Não vejo. Não choro. Sou ambíguo mesmo sem perceber. Proporcionar o sofrimento não é uma qualidade, e sim um dos maiores defeitos. Ah. Ainda assim, me orgulho de mim mesmo. Apenas sou, e todos o sabem. Que pena que não sou eterno. Mas que diabos, que seja eterno enquanto dure! Hum. Acredito que alguém já tenha dito isso antes... E isso não importa na verdade, pois todos sabem que por onde passo proporciono a renovação, quando não a perdição.
Renovar. Essa é a palavra. Esse é o ato. Quem não quer ser reconhecido por seus feitos, ainda mais quando tão relevantes? O poder sempre nos sobe à cabeça. É só sentir uma pitada dele na boca, que já é possível esquecer o passado e imaginar um futuro nunca antes pensado. O mais interessante é que não tenho cabeça e muito menos uma boca, mas deixa pra lá. Vamos voltar ao renovar. Quem mais tem essa capacidade? Olhe o exemplo do cerrado. É só eu lhe fazer uma visitinha, que logo depois ele aparece de cara nova. E as casas que incendeio? Se não fosse por mim, as pessoas continuariam morando naqueles lugares medíocres. E sem falar dos objetos que consigo reformular, como simples pedaços de plásticos ou até de vidros.
A melhor parte ainda está por chegar. Sabe aqueles casais apaixonados? Dizem que é paixão, mas não passa de uma simples ardência no coração. Um calor que é sentido naqueles momentos de nervosismo. Ela e ele. Ele e ela. Apenas os dois. Ou melhor, lá estou. Só esquentando e fazendo aumentar o ritmo da perdição. Mas também mato. Faço sentir. Faço enxergar. Faço chorar. O que fazer com minha reputação? Será que quero fazer rir, gargalhar, alegrar? É um caso a se pensar. Se eu continuar o mesmo serei mais lembrado, serei eterno ao menos na mente das pessoas. Ah, quanta dúvida... Sou fogo, em plena crise existencial.