quinta-feira, outubro 20, 2005

Luz, câmera, ação!

Considerada uma arte relativamente recente, o cinema nasceu mudo, ganhou voz e efeitos especiais e agora entra na era da terceira dimensão
Aerton Guimarães e Sidney de Souza

O homem sempre gostou de registrar imagens da realidade à sua volta. Os desenhos nas cavernas mostram a tentativa do homem pré-histórico de transmitir mensagens e narrar histórias. Mas eram imagens paradas. A técnica de animação mais antiga foi desenvolvida na China, por volta do ano 5.000 a.C. Era o “jogo de sombras”. Animais e homens tinham as sombras projetadas a partir de um ponto de luz como uma tocha na parede.

Até chegarmos ao cinema levou milhares de anos. Muita técnica de fixação de imagens foi desenvolvida antes disso. A câmara escura, de Leonardo da Vinci, a lanterna mágica, do alemão Athanasius Kirchner, e os avanços da técnica da fotografia precederam o aparecimento da primeira filmadora – o Cinematógrafo –, inventada na França, em 1895, pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. Era movida a manivela, tinha negativos perfurados e substituiu a ação de várias máquinas fotográficas na armazenagem do movimento.

A apresentação do Cinematógrafo ao público marcou o início do cinema. Em 1895, em Paris, os irmãos Lumière expuseram suas primeiras produções. Eram documentários simples sobre a vida cotidiana. Mas eles não sabiam ainda como captar e reproduzir o som junto com as imagens. O cinema nasceu silencioso. Dava até para ouvir o barulho da fita passando na máquina. Mas já em seu início a chamada sétima arte revelou um dos maiores gênios da produção cinematográfica, o britânico Charles Spencer Chaplin.

Chaplin produziu verdadeiras pérolas do cinema mudo, como O Garoto (1921), Em Busca do Ouro (1925) e Tempos Modernos (1936). Seu principal personagem, Carlitos – um vagabundo de bengala, chapéu-coco e calças largas –, torna-se ícone do cinema. Sem o recurso do som, Chaplin criou enredos e cenas que levavam – e ainda levam – o público das gargalhadas às lágrimas e vice-versa, com mensagens pacifistas e humanistas. O Gordo e o Magro (Oliver Hardy e Stan Laurel) também se destacam na era do cinema mudo.

A Primeira Guerra Mundial inviabiliza a produção cinematográfica na Europa e abre espaço para o cinema norte-americano. Surgem novas filmadoras, agora produzindo som junto com a imagem, e o cinema ganha força nos anos 20. A década de 30 consolida os grandes estúdios e consagra astros em Hollywood. A Warner Brothers produz o primeiro filme com música e efeitos sonoros sincronizados – Don Juan, de Alan Crosland.

Na década de 40 surgem as superproduções, como A Dama das Camélias, E o Vento Levou.. e O Morro dos Ventos Uivantes. Os novos recursos técnicos possibilitam o desenvolvimento de todos os gêneros, dos musicais às comédias, do suspense ao faroeste. Na tentativa de se diferenciar do esquema dos grandes estúdios de Hollywood, Orson Welles lança, em 1941, Cidadão Kane, filme que revolucionou a estética do cinema.

Mas o predomínio financeiro e tecnológico favorece os EUA, que se estabelecem como a terra do cinema. Surgem, a partir do fim da década de 1940, os desenhos animados e Walt Disney destaca-se como o grande gênio dessa arte no século passado. O mundo se deslumbra com Mickey, Pato Donald, Tom e Jerry e com filmes como O Mágico de Oz.

Com a invenção da televisão, no início dos anos 50, muita gente apostou no fim do cinema. Mas foi aí que surgiram grandes cineastas, como os italianos Felini, Pasolini e Bertolucci. O cinema troca o romantismo pelo realismo. A produção européia, sobretudo a italiana, rouba o espetáculo nas décadas seguintes. É a era dos filmes artísticos, de superproduções como Novecento, de Bertolucci, com duas sessões de quatro horas cada.

A partir da década de 1990, com o advento da informática, o cinema ganha efeitos especiais. Novos magos da sétima arte se projetam, como Steven Spielberg, autor ET, Gremlin e Parque dos Dinossauros. E novas mudanças prometem ocorrer com a técnica de 3D (três dimensões) utilizada nas mais recentes produções, como O Senhor dos Anéis.

Brasil, da Chanchada ao Cinema Novo

As filmagens no Brasil começaram em 1898, quando Afonso Segreto rodou o primeiro filme nacional. Eram cenas da Baía de Guanabara. Depois foram feitos pequenos filmes sobre o cotidiano carioca e sobre pontos importantes da cidade, como o Largo do Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos documentários franceses da época.

Com a chanchada, nos anos 30, começa a se formar um mercado consumidor interno. Surgem atores dedicados a este gênero, como Oscarito, Grande Otelo e Zé Trindade. O investimento mais ousado foi a inauguração, em 1949, dos estúdios da Vera Cruz. A partir dos anos 50 e 60 o Cinema Novo busca temáticas e linguagens nacionais.

Com Terra em Transe (1967), do baiano Glauber Rocha, o Cinema Novo evolui para formas alegóricas como meio de contornar a censura do regime militar. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), também de Glauber, ganham prêmios no exterior e projetam o Cinema Novo. Além de Glauber, também se destaca nessa época o cineasta Nélson Pereira dos Santos.

Nos últimos anos o Brasil tem se destacado com produções de qualidade e obtido vários prêmios internacionais e indicações ao Oscar. O Quatrilho (1996), O Que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999), indicados como melhores filmes estrangeiros ao Oscar, e Cidade de Deus, que concorreu em quatro categorias técnicas na premiação de 2004, mostram a franca evolução da produção cinematográfica nacional.

Esse foi meu primeiro texto publicado no caderno Escola do jornal Planalto Central, no qual faço estágio.

1 Comments:

At 21 outubro, 2005, Blogger Adriana Caitano said...

Parabéns amigo! Vc está alçando vôo rapidinho, em breve estará voando livremente por aí e fazendo um baita sucesso, vc merece!! Bjão!!

 

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