terça-feira, novembro 08, 2005

Provetinhas da UnB

Hospital Veterinário faz sua primeira inseminação artificial em uma cadela. Sete filhotes vingaram
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Aerton Guimarães
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Emmanuel sempre quis que sua cadela Hera tivesse filhotes. Da raça American Staffordshire Terrier, uma das que deram origem ao Pit Bull, Hera tem dificuldades de socialização, o que nunca permitiu a aproximação de cachorros e portanto, a procriação.

Após perceber o problema, Emmanuel decidiu procurar uma clínica veterinária para que lá fizessem uma inseminação artificial. Sem obter sucesso, ele procurou o Hospital Veterinário da UnB, por indicação de um amigo. Chegando lá, viu que essa técnica nunca havia sido realizada no hospital, criando uma demanda que fora logo atendida.

Carolina Madeira Lucci, professora doutora da UnB, foi quem atendeu Emmanuel para conversar sobre a inseminação, e este explicou o problema. Como Hera estava no cio, os veterinários do hospital tiveram que agir logo no acompanhamento da cadela, já pensando numa data provável para a inseminação.

Emanuel foi o primeiro cliente do hospital veterinário da UnB a ter sua cadela num processo de inseminação. A professora Carolina, vendo que a cadela já tinha passado por um processo sem resultados, decidiu fazer cinco inseminações em Hera, enquanto o normal são duas ou três.

Depois de acompanhar o ciclo menstrual da cadela, os veterinários realizaram todo o processo, da coleta de sêmen à inseminação e, dois meses depois, oito filhotes nasceram, sendo que um morreu após o parto.Os primeiros cães de proveta geridos na UnB nasceram no dia oito de outubro e moram na casa de Emanuel, que pretende vender alguns deles.
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............................................foto: Daiane Souza/UnB Agência
Filhotes da raça American Staffordshire Terrier, os primeiros
filhotes de proveta do Hospital Veterinário da UnB
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A inseminação

De acordo com a professora Carolina, o processo de inseminação artificial é indicado para variados casos. Alguns animais, por serem mais frágeis, necessitam desse processo, devido à incompatibilidade de tamanho entre eles. A inseminação também é recomendada para os animais muito pesados, que se cansam durante o ato do acasalamento e muitas vezes não o completam. Os cães com dificuldade de socialização, como o caso de Hera e também aqueles que passaram por alguma cirurgia que os impedem de acasalar, também são motivos para realizar a técnica. A inseminação possibilita também a pureza de uma raça, pois em alguns casos não há parceiros para a cadela acasalar nas redondezas e então é necessário coletar sêmen de um macho de outra localidade.

As inseminações passaram a ser feitas na UnB visando não só tornar o processo mais acessível à comunidade, que pode escolher pagar pelo pacote ou por etapas (análise do ciclo da fêmea, coleta de sêmen e análise e a inseminação), mas também para difundir a tecnologia, considerada de ponta, e também pelo cunho acadêmico, pois possibilita aos alunos aprenderem pela prática nas aulas ou mesmo fazendo estágio no hospital.

A inseminação varia de animal para animal e de raça para raça. “Ela não acarreta desconforto algum ao animal e não oferece nenhum risco”, ressalta Carolina. “A anestesia por exemplo, só é necessária em alguns casos, quando o cão é muito estressado” lembra.

O valor pago por Emmanuel foi de R$ 400, o que incluiu todas as etapas citadas anteriormente além de cinco inseminações (o normal é fazer duas ou três, mas Carolina achou melhor fazer cinco para garantir o sucesso da inseminação).

Como é o processo

- Após identificar que a fêmea está no cio (pelo sangramento), o indicado é procurar um veterinário o mais rápido possível, em no máximo seis dias.
- Entre o 6º e o 9º dia o veterinário acompanha o ciclo da fêmea, por meio de esfregaços vaginais, para detectar o momento da ovulação;
- Depois de detectar a ovulação, começa a inseminação. São duas a três tentativas, realizadas em dias alternados. A inseminação pode ser por meio de sêmen fresco (deve ser coletado na hora ou minutos antes) ou sêmen resfriado (coletados com 24h a 48h de antecedência);
- O processo ao todo dura em torno de uma semana;
- Nos 20 primeiros dias após a inseminação, a fêmea deverá ter cuidados especiais. Os exercícios físicos pesados e agressões ao animal devem ser evitados e a alimentação da fêmea deve ser balanceada;
- No 25º dia é feito um diagnóstico de gestão por meio de ultra-som. Se confirmada a gestação, deve-se alternar a alimentação da fêmea;
- O período de gestação é de 60 a 65 dias.

Sobre a professora

Professora da UnB desde abril deste ano, Carolina Madeira Lucci é formada pela Universidade Federal do Ceará, possui Mestrado em Produção e Reprodução de pequenos ruminantes, também pela Federal do Ceará, e Doutorado na UnB, em Ciências Biológicas.
Ela coordena outros projetos de pesquisa na Universidade de Brasília, entre eles a conservação de sêmen de cães, o congelamento de ovócitos de suínos e bovinos e Inseminação artificial em ovelhas.

Serviço

A procura pelo hospital veterinário da UnB é grande. Além de inseminações, o hospital oferece praticamente todo tipo de serviços à população: atendimento clínico, vacinas, exames e cirurgias variadas.
O Hospital localiza-se no Campus Universitário Darcy Ribeiro e tem acesso pela L4 norte.
Matéria para a seção Eureka do suplemento Escola/Planalto Central

2 Comments:

At 08 novembro, 2005, Anonymous Anônimo said...

epa epa, essa eh uma de suas matérias q vc fez pro jornal q vc trabalha, neh?
parabéns senhor repórter!! hehe!
seu blog virou um jornal ;)
massa!!
bjuuuuuuus =*****

 
At 08 outubro, 2008, Blogger Unknown said...

Adorei essa matéria. Conheço o Hvetinho. As pessoas lá trabalham com muita seriedades e competência.

 

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