O lápis e a caneta
Aerton Guimarães
e Guilherme Rosa
Lá estavam o lápis e a caneta brigando, como costumeiramente faziam.
- E aí, canetinha, como é que você está?
- Tô um pouco atrasada.
- Atrasada? Mas por quê? A vida pode ser considerada curta, porém nós servimos para eternizá-la.
- O negócio é que o meu dono tem de escrever um texto e não está me achando!
- Não se preocupe, vou deixá-lo me usar. Ele não sentirá sua falta porque sou muito melhor que você, pois se ele errar pode apagar meu grafite.
- Isso mostra que você é volátil, pois sua escrita é facilmente desintegrável. Já a minha tinta necessita de materiais específicos para conter minha genialidade.
- E quem disse que ser cabeça dura é qualidade? Quando sou
indesejável, me retiram. E você que, além de insistente, estoura facilmente e pode manchar tudo ao redor?
- Fique sabendo de uma coisa: você serve para o rascunho, eu para a obra final.
- Entretanto, meu trabalho continua a ser indispensável!
Enquanto discutiam, o lápis e a caneta viram uma cena que os deixou aterrorizados: seu dono estava em frente ao computador digitando o texto.
Texto publicado na seção Crônicas do suplemento Escola/ jornal Planalto Central
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