quarta-feira, janeiro 11, 2006

A árvore da vida

Palmeira abundante no Cerrado, Buriti tem muitas propriedades. Da casca à polpa, tudo nela tem utilidade. Não é à toa que virou símbolo do poder no DF
Aerton Guimarães

O Buriti, uma espécie de palmeira, é usado para tudo que se possa imaginar. Com sua palha são feitas coberturas de casas. Sua seiva é utilizada como matéria-prima de um delicioso vinho. A madeira pode ser usada em construções rurais, enquanto o tronco inteiro é empregado na construção de calhas. Seu fruto serve para a fabricação de doces. Nele existe uma polpa da qual é extraído um óleo comestível, rico em vitamina A.

Esse óleo também tem propriedades medicinais: é usado contra queimaduras, pois alivia a dor e tem ação cicatrizante. Além disso, com a polpa pode-se fazer sorvetes, cremes, geléias, licores e vitaminas de vários sabores e alta concentração de vitamina C.

Na língua indígena Buriti significa “árvore da vida” ou “árvore que emite líquidos”. Os índios consideravam essa árvore capaz de fornecer tudo aquilo que era necessário para se viver, da madeira para a construção de uma casa e de móveis e objetos à alimentação.

Da família Palmae, a palmeira do Buriti é muito comum no Cerrado. Ela é típica das formações chamadas "veredas", vegetação que acompanha um curso d'água ao longo do sertão e só sobrevive em locais alagados.

O caule do Buriti pode atingir até 35 metros de altura. Por isso é considerada uma espécie de porte elegante. Suas folhas grandes formam uma copa arredondada e seus frutos são bem curiosos: têm uma superfície revestida por escamas brilhantes, que escondem a semente oval encontrada em seu interior, uma amêndoa comestível.

O Buriti é encontrado isoladamente ou em grupos e exige grande quantidade de água. Daí vem a dica: se há Buritis por perto, com certeza há muita água e alimento, já que o Buriti dá muitos frutos, chegando a produzir cerca de 3 toneladas de cocos que servem de alimento para diversos animais.

Essa palmeira já é bem conhecida em Brasília por ser um símbolo do poder local. O lugar em que o governador trabalha é o Palácio do Buriti. Conta-se que, em 1959, o engenheiro responsável pelo palácio, Israel Pinheiro, inspirou-se no poema “Um buriti perdido”, de Afonso Arinos, e determinou que em frente ao palácio deveria ser plantada uma muda da árvore. Pouco tempo depois a muda morreu. Em 1969 outra muda foi plantada. Desta vez vingou e a praça na qual a muda se desenvolveu recebeu o nome de Praça do Buriti. Em 1985 a palmeira foi tombada e até hoje é bem cuidada.

Estação cerrado - Caderno Escola/ Jornal Planalto Central