segunda-feira, janeiro 30, 2006

Evolução

Kasehdo Suih, dia de lua grande

Não sei como fazer para poder descansar sem ficar preocupado com o que está a minha volta. Semana passada acabei cochilando entre os arbustos de Amareladas e quase fui engolido por um Juba Grande. E ontem, cansado após a caça, decidir tomar um banho nas águas profundas, entretanto, um cardume de Dentes Afiados me atacou. Por pouco não consigo escapar.

Mas o grande problema é realmente não poder fechar os olhos à noite, como a maioria dos bichos faz. Só que não posso me comparar a eles. Os Listrados, por exemplo, não se incomodam com as mordidas dos pequenos animais voadores durante toda a noite. Já o Chifres Pontudos não se incomoda com sugadores de sangue por todo seu corpo. Como eles conseguem? E por que eu não consigo? Será que sou tão mais sensível assim? Às vezes pareço com aquele bicho com galhos na cabeça. Ele sempre está saltitando por aí, talvez porque tudo o incomode.


Kasehdo Suih, dia de lua menor

Não posso pensar que os que fecham os olhos sabem escolher lugares melhores que eu, pois qualquer lugar que encontro há sempre algo errado. Debaixo dos Grandes Caules constantemente caem líquidos brancos esverdeados, e tenho impressão de que quem solta essas substâncias são os Penas Voadoras. Nas areias perto das águas profundas não posso construir um Pra Descansar que logo os bichos o destroem. O que sobrou foi o Buraco na Pedra, mas com tantos Chupadores de Sangue, é impossível relaxar num local como aquele.
Como me sentir seguro? Nada amedronta os grandes bichos, então como me proteger deles? Foi pensando nisso que lembrei de algo que me ocorreu há pouco tempo. Ao caminhar pelos caminhos esverdeados, machuquei o pé de uma forma que o fez sangrar fortemente. Quando visualizei o objeto que me fez aquilo, nada senti além de raiva. Era um pedaço de pedra pontiagudo.

Essa é a solução. Vou transformar objetos antes arredondados em pontiagudos. Isso com certeza afastará os grandes bichos pois eles terão medo de minha Aramara. Isso mesmo, é um bom nome. Vou fazer Aramaras capazes de matar até mesmo os Trombas Gigantes, os temidos animais da floresta.


Kasehdo Suih, dia de lua pela metade

Decidi então pegar pedras, madeiras e tudo aquilo que pudesse me ajudar na confecção de Aramaras. Usei os Mordedores e a força dos Pegadores. O ruim disso tudo é que minha língua ficou com algumas farpas. Apesar de muito esforço, consegui fazer bons instrumentos.

E fiz vários. Com diversos formatos, tamanhos e utilidades. Esse pequeno serve para matar Bigodudos de médio porte. Já essa Aramara aqui pode acabar com os Peles douradas manchadas. Até mesmo para matar Grandes Mandíbulas eu fiz uma bela Aramara.


Kasehdo Suih, dia de nuvens ou 1 dia após Aramara

Testei diversas Aramaras hoje. E percebi que algumas são realmente muito boas, bem afiadas. Outras não. Por isso não devia ter partido para os grandes bichos em tão pouco tempo. Quase perdi meu braço! Já pensou se fico sem meu Pegador também? Seria um desastre.
Vi que a Aramara não é a solução dos meus problemas. Agora posso me defender dos bichos, mas ainda não consigo fechar os olhos. Se eu o fizer, posso não acordar com meu corpo completo. Vamos lá, pense, pense.


Kasehdo Suih, dia de lua pequena ou 2 dias após Aramara

Realmente não sei o que fazer. Ultimamente tenho passado meus dias apenas construindo Aramaras. Hoje estava com tanta fome que provei um Bigodudo de médio porte que acabara de matar. Os pelos não eram mastigáveis, mas o interior era molhado com o mesmo líquido que tenho dentro da minha pele. Até que é gostoso, mas meus mordedores são um pouco frágeis para essas carnes duras.


Kasehdo Suih, dia de muitas estrelas ou 1.687 dias após Aramara

O que aconteceu hoje é simplesmente impressionante. Estava preparando uma Aramara diferente quando de repente vi brilhos saírem dos céus. Mas esses eram diferentes, pois eles alcançaram vários Grandes Caules, partindo-os ao meio! E logo depois o Brilhoso os exterminou de vez. Vi também vários desses brilhos nas areias perto das águas profundas. Quando chegaram lá, objetos de formatos diferentes surgiram, e eram transparentes. Logo depois o Líquido transparente começou a cair e encharcar tudo a minha volta, inclusive a mim.

Sempre pensei que o Brilhoso, provocado pelos brilhos que vinham do Céu, era sinal de um ser superior. Mas hoje percebi que eu mesmo posso fazer um Brilhoso. Ele é realmente bonito, cores fortes e tem o poder de esquentar o que está próximo a ele.

Em alguns testes que fiz, percebi também que quase todos os animais o temem. Por isso pratiquei como faze-lo aparecer por todo o dia, e fui bem sucedido. Agora posso faze-lo aparecer quando eu quiser. Utilizo madeira e às vezes pedras para este fim.


Kasehdo Suih, dia com grande sol ou 1.689 dias após Aramara ou 2 dias após Brilhoso

Fechei os olhos ontem no início da forte escuridão.E só voltei a abri-los depois que o sol havia iluminado dentro do Buraco na Pedra, onde eu passei a morar depois de expulsar os Chupadores de Sangue usando o Brilhoso.

Parecia que eu estava em outro mundo. Vi coisas que nunca havia imaginado. Passei por perigos, nadei nas águas profundas, comi alimentos deliciosos e encontrei até bichos estranhos, tudo isso enquanto estava de olhos fechados.

Será que fechar os olhos por muito tempo causa alucinações constantes? Não sei ao certo, mas quero experimentar de novo.


Kasehdo Suih, dia com sol entre nuvens ou 3.887 após Aramara ou 2.200 após Brilhoso

Estava refletindo sobre os principais acontecimentos de minha vida. Quanta diferença de hoje para apenas algumas centenas de dias atrás. Se não fosse pelas Aramaras, eu não poderia me defender contra os grandes bichos e também não me alimentaria melhor, comendo não só Mareladas, Verdeadas e Vermelhadas, como também diversos tipos de carne.

Sem o brilhoso, a comida não teria ficado mais macia e saborosa. Com ele pude criar diferentes refeições utilizando os mesmos ingredientes. Mas acima de tudo, não poderia ter começado a fazer o que chamo de Sonhar (dei esse nome pois quando fecho os olhos o que ouço é apenas o Som do Ar). Não teria imaginado meu futuro, grandes realizações e não teria feito o que fiz para alcançar meus desejos sonhados.

Posso afirmar que o que me impulsionou foram de fato, os sonhos. São eles que nos possibilitam olhar para o que vemos todos os dias de uma forma diferente. São eles que nos permitem imaginar coisas antes impossíveis. E são eles que nos permitem viver melhor.

Livro explicador (dicionário):

Kasehdo Suih – Região em que o personagem mora
Dia de Lua grande – forma que o personagem utiliza para datas
Amareladas – Árvores com flores amarelas
Juba Grande – Leão
Águas profundas – Mar
Dentes afiados – Piranha
Listrados – Zebras
Chifres pontudos – Boi
Bicho com galhos na cabeça – Veado
Grandes caules – Árvores muito altas
Penas voadoras – Pássaros
Pra descansar – Pequena cabana
Chupadores de sangue – Vampiros
Caminhos esverdeados – Bosques
Trombas gigantes – Elefantes
Aramara – Faca grande e bem cortante
Mordedores – Dentes da boca
Pegadores – Mãos
Bigodudos de médio porte – Felinos variados
Peles douradas manchadas – Tigres
Grandes mandíbulas – Tigre dente de sabre
Brilhoso – Fogo
Marelada, Verdeada e Vermelhada – frutas


Aerton Guimarães, para a disciplina Oficina de Texto

terça-feira, janeiro 24, 2006

Momentos

Momentos

Primeiro olhar, indiferença
Segundo olhar, chama atenção
Terceiro olhar, nasce a paixão
No quarto olhar, vem a descrença

Primeiro instinto, quero voltar
Segundo instinto, espairecer
Terceiro instinto quero esquecer
No quarto instinto, me conformar

Primeiro choro, vejo os acertos
Segundo choro um mal momento
Terceiro choro, o sofrimento
No quarto choro, enxergo os erros

Primeiro estar, a solidão
Segundo estar, arrependimento
Terceiro estar, jogo-me ao vento
No quarto estar, foi tudo em vão

Para a disciplina Criatividade em Comunicação

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Os cinco passos iniciais

Todos me dizem que antes de querer mudar o mundo é necessário me auto-analisar e refletir sobre o que posso fazer para melhorar. Se obtiver sucesso, pronto. Estarei apto para revolucionar a humanidade.

Mas sei o quanto é difícil se transformar. Tenho inúmeros defeitos, conheço todos eles. Porém muitos realmente não consigo mudar. Por mais que eu tente, eles continuam a me corroer por dentro. O que farei então, se não consigo me aceitar plenamente? Como modificar as pessoas ao meu redor ou mesmo aquelas as quais não posso alcançar?

Então tomei uma decisão. Prometi fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Auto-críticas serão bem vindas, assim como críticas do que está ao meu redor. Vou mudar o mundo e ao mesmo tempo a mim mesmo.

Minha primeira atitude como revolucionador será abolir a prepotência e a arrogância das pessoas. Ninguém está acima de ninguém para agir de forma despótica. Com a inexistência de tais comportamentos, as pessoas não sofrerão por sentimentos de superioridade, relacionamentos desequilibrados e ditaduras inconseqüentes. A humildade e simplicidade irão reger um mundo adverso, porém igualitário.

Posteriormente acabarei com o individualismo. Por que todos só pensam em si mesmos? Parece que as palavras compartilhar, ajudar e socorrer, entre várias outras, simplesmente desapareceram do dicionário humano. Eu quero ir ao cinema. Eu vou comprar essa camisa. Eu vou viajar. Eu pegarei meu carro para ir para casa. Começar os períodos com Nós, Vamos ou Podemos farão uma tremenda diferença.

Quero tirar a insegurança que todos sentem também. É incrível o que as pessoas deixam de fazer por não acreditarem em si mesmas! Não completam um texto por acharem que ficará horrível. Não iniciam uma relação por medo de sofrer futuramente. Não se arriscam em situações diferentes por conservadorismo. Não se deixam levar pelos caminhos da vida pois ramificações podem surgir preferindo, portanto, seguir sempre em linha reta. Quantas tristezas abandonadas. Mas quantas felicidades também. Será que não vale a pena? Ambos os sentimentos fazem parte da construção do que somos, então a melhor alternativa não é, definitivamente, escapar deles.

O último item desta lista inicial de modificações, mas não menos importante, é o conformismo. Ele está presente em nossas vidas, infelizmente. E o pior: nós nem percebemos! Nos conformamos com uma escola medíocre, amigos fúteis, relacionamentos vazios, salários pífios e profissões com as quais não nos identificamos. Não nos incomodamos mais com os assassinatos, seqüestros, a fome em nosso próprio país, com a quantidade de pedintes nas ruas e também as favelas. Tudo o que era incomum no início passa a ser habitual. E criticamos aqueles que reclamam da situação, aqueles que não agem da mesma forma que nós.

Sonhos, esperanças e um forte desejo de que as coisas sejam diferentes. Esses seriam os pensamentos essenciais de qualquer indivíduo. Utopias? Com certeza. Melhor viver delas do que sem elas.

Achei um pouco piegas, mas ficou legal sim.
Aerton Guimarães - para a disciplina Oficina de Texto

terça-feira, janeiro 17, 2006

A primeira decepção

Logo no início da vida
Se depara com o sofrimento
A emoção é grande e ainda chora
Mas vai ser bom para o seu alento

Ela se aproxima, ele se assusta
O que aquilo seria? Para que fazer isso?
Ele tenta, mas não adianta
Então desiste. Está feito o já previsto

Ao entrar na pele, ela o preenche
É algo inigualável, é a dor encarnada
O tempo parece infinito, e ele impaciente
Assiste o respingar da gota avermelhada

Ele estranha o ritual
Por que furá-lo? Querem ver sua reação?
Ou sentem prazer neste gesto brutal?
Não sabe o que pensar. Perderam a razão?

Mas logo o colocam ao lado de alguém que o trata com carinho
Ele ainda não sabe quem ela é, mas não se sente mais sozinho
Ela logo explica: meu querido filho
Você sofreu, com o teste do pezinho

Aerton Guimarães - feito para a disciplina Oficina de Texto

quarta-feira, janeiro 11, 2006

E a saga continua!

Depois do grande sucesso do texto "Tamanho não é documento", confira a entrevista com a personagem retratada, Pollyane de Oliveira Marques
Aerton Guimarães


Inquieta, engraçada e sonhadora, essas são algumas características de Pollyane de Oliveira Marques, uma mineirinha da cidade de Guimarânia, localizada perto de Patos de Minas. Com apenas 1,53m de altura, 20 anos e calçando número 35, Pollyane é estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.

Mesmo passando por muitos problemas capilares ultimamente, ela não perde as esperanças de recuperar algum dia a coloração natural de seus cabelos, ou seja, castanho escuro, e não o preto atual. Mas a dificuldade com as cores sempre foi parte da vida desta menina. Até hoje ela tem dúvidas sobre a verdadeira cor de seus olhos, o que a leva a classificá-los como castanhos esverdeados.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a indecisa Pollyane:


Hawaianas ou salto alto?
- Havaianas.

Gosta de compartilhar problemas?
- Gosto, quando eu quero.

E compartilhar as alegrias?
- Principalmente.

Se considera teimosa?
- Depende da situação.

50% certa ou 50% errada?
- 50% certa.

Gargalhada ou sorriso modesto?
- Gargalhada.

Amor ou paixão?
- Amor.

O que a faz chorar?
- Às vezes quase tudo e às vezes quase nada.

O que a faz sofrer?
- Estar longe das pessoas que amo.

Exagero ou realidade?
- Realidade.

Como você avalia o passado?
- Aprendi muito com ele.

E o presente?
- Bom. É um momento de transformações.

E o que espera do futuro?
- Um amadurecimento e realizações pessoais.

O maior defeito?
- Exigir das pessoas que elas sejam como eu quero.

A melhor qualidade?
- Ter força sempre para lutar pelo que eu quero.

Polly por Polly.
- Coragem.

Praia ou montanha?
- Montanha.

Maior alegria?
- Ter passado no vestibular.

Maior decepção?
- Descobrir que algumas pessoas não eram o que eu imaginava.

Livro preferido?
- História de uma alma, de Teresa Lisieux.

Filme preferido?
- Homens de honra.

Música preferida?
- Dom Quixote (Engenheiros do Havaí).

Um hobbie.
- Ler.

O que assiste na TV?
- Jornal.

O que gosta de fazer na internet?
- Bater papo.

Sol ou chuva?
- Chuva.

Porta ou janela?
- Janela.

O que gosta de beber?
- Água.

Prato preferido?
- Carne.

O que detesta comer?
- Peixe.

Cobertor ou edredom?
- Edredom.

Preconceitos?
- Tento não tê-los.

O que mudaria em si mesma?
- Eu me exigiria menos.

O que mudaria nas pessoas?
- A arrogância.

O que é a perfeição?
- Deus.

Algo que odeia que os outros façam com você.
- Mentir.

E o que adora?
- Elogiar algo que eu faça.

Uma peça de roupa.
- Camiseta.

Um ídolo.
- Não tenho.

A vida é...?
- Luta.

Uma palavra.
- Fé.

Entrevista para a disciplina Oficina de Texto - 2º semestre de 2005

A árvore da vida

Palmeira abundante no Cerrado, Buriti tem muitas propriedades. Da casca à polpa, tudo nela tem utilidade. Não é à toa que virou símbolo do poder no DF
Aerton Guimarães

O Buriti, uma espécie de palmeira, é usado para tudo que se possa imaginar. Com sua palha são feitas coberturas de casas. Sua seiva é utilizada como matéria-prima de um delicioso vinho. A madeira pode ser usada em construções rurais, enquanto o tronco inteiro é empregado na construção de calhas. Seu fruto serve para a fabricação de doces. Nele existe uma polpa da qual é extraído um óleo comestível, rico em vitamina A.

Esse óleo também tem propriedades medicinais: é usado contra queimaduras, pois alivia a dor e tem ação cicatrizante. Além disso, com a polpa pode-se fazer sorvetes, cremes, geléias, licores e vitaminas de vários sabores e alta concentração de vitamina C.

Na língua indígena Buriti significa “árvore da vida” ou “árvore que emite líquidos”. Os índios consideravam essa árvore capaz de fornecer tudo aquilo que era necessário para se viver, da madeira para a construção de uma casa e de móveis e objetos à alimentação.

Da família Palmae, a palmeira do Buriti é muito comum no Cerrado. Ela é típica das formações chamadas "veredas", vegetação que acompanha um curso d'água ao longo do sertão e só sobrevive em locais alagados.

O caule do Buriti pode atingir até 35 metros de altura. Por isso é considerada uma espécie de porte elegante. Suas folhas grandes formam uma copa arredondada e seus frutos são bem curiosos: têm uma superfície revestida por escamas brilhantes, que escondem a semente oval encontrada em seu interior, uma amêndoa comestível.

O Buriti é encontrado isoladamente ou em grupos e exige grande quantidade de água. Daí vem a dica: se há Buritis por perto, com certeza há muita água e alimento, já que o Buriti dá muitos frutos, chegando a produzir cerca de 3 toneladas de cocos que servem de alimento para diversos animais.

Essa palmeira já é bem conhecida em Brasília por ser um símbolo do poder local. O lugar em que o governador trabalha é o Palácio do Buriti. Conta-se que, em 1959, o engenheiro responsável pelo palácio, Israel Pinheiro, inspirou-se no poema “Um buriti perdido”, de Afonso Arinos, e determinou que em frente ao palácio deveria ser plantada uma muda da árvore. Pouco tempo depois a muda morreu. Em 1969 outra muda foi plantada. Desta vez vingou e a praça na qual a muda se desenvolveu recebeu o nome de Praça do Buriti. Em 1985 a palmeira foi tombada e até hoje é bem cuidada.

Estação cerrado - Caderno Escola/ Jornal Planalto Central

quarta-feira, janeiro 04, 2006

A lousa virtual

Avanço tecnológico promete aposentar o velho quadro negro. Na era digital, quadro é a extensão de monitor do computador, com direito a aula gravada na Internet
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Aerton Guimarães


- O que ela disse mesmo? Não deu pra copiar.
- Posso apagar esse lado do quadro?
- Não apaga não, fessora, tô na metade!

Reconheceu esse diálogo? É o que acontece nas escolas praticamente todos os dias. O professor utiliza o giz para escrever na velha lousa e o aluno não consegue acompanhar a velocidade do mestre. Além disso, na maioria das vezes o professor perde muito tempo escrevendo a matéria no quadro e, mais ainda, esperando os alunos copiarem.

Alguns colégios desenvolveram uma técnica para solucionar esse problema: passaram a filmar as aulas com uma câmera colocada usualmente no fundo da sala, as quais eram depois disponibilizadas aos alunos na videoteca. Assim, quem não copiasse a matéria ou não comparecesse à aula teria uma oportunidade de ficar em dia com os estudos.

Só que agora, com o avanço da tecnologia, surgiu uma novidade que promete aposentar de vez o quadro negro: a lousa digital. Esse novo quadro é, na verdade, um grande monitor conectado a um computador. Como a superfície é sensível ao toque, tudo que é feito no quadro é registrado pelo computador graças a um programa desenvolvido para realizar essa tarefa. Não é qualquer caneta que é a indicada para essa lousa. Existe uma especial, com ponta de borracha, que não danifica a superfície da lousa, funcionando como uma espécie de mouse, além de permitir ao professor apagar o que foi escrito virtualmente.

Com a lousa digital, o professor pode escrever, desenhar e até acessar páginas da Internet e gravar tudo no computador, usando vários tipos de recursos visuais. E tudo isso estará, depois da aula, na Internet, permitindo ao aluno acessar aquela aula quando quiser.

As escolas que trabalham com a lousa digital garantem: ela promove uma interação maior dos estudantes nas aulas. E com esses resultados foi possível investir mais no produto. Já existem também programas que, além de registrararem (registrarem) o que é feito na lousa, capturam as imagens e sons das aulas, que também podem ser colocados na internet.

É importante ressaltar que a possibilidade de ter “aulas” em casa pela Internet, já que elas estão disponíveis na rede, não tira a importância de ir à escola. É imprescindível que o estudante tenha contato com os colegas de sala, assim como com o professor presente para tirar as dúvidas que sempre surgem.

Eureka - Caderno Escola - Jornal Planalto Central - 7 a 14 de dezembro de 2005