terça-feira, novembro 29, 2005

Vida Longa

Agulhas Terapêuticas

Acupuntura conquista adeptos em todo mundo e é cada vez mais indicada para os mais diversos tipos de doenças

Aerton Guimarães

Se você é daquele tipo de pessoa que não suporta picadas de insetos, então deve ter verdadeiro pavor das agulhas. Mas saiba que a aplicação correta delas em certos pontos do corpo pode proporcionar um grande bem para a saúde. A acupuntura, técnica desenvolvida na China há aproximadamente cinco mil anos, vem ajudando muita gente que sofre com doenças respiratórias, neurológicas, obesidade e o tão falado estresse.

A palavra acupuntura vem do latim (acus significa agulha e punctura, puncionar). Assim, acupuntura quer dizer inserção de agulhas, através da pele, nos tecidos que se encontram logo abaixo dela, em diferentes profundidades e em pontos estratégicos do corpo para produzir o efeito desejado. Considerada um método terapêutico, logo após ser criada a acupuntura foi incorporada na medicina de vários países orientais, entre eles Japão e Coréia, e hoje é uma técnica reconhecida mundialmente.

Ao longo dos anos, os chineses descreveram centenas de pontos de acupuntura do corpo, os quais foram classificados em grupos. Todos os pontos que pertencem a um dos grupos são ligados por uma linha imaginária na superfície do corpo, denominado meridiano. Cada um dos meridianos principal controla um órgão. Com isso, é possível atingir, com simples picadas no corpo, o pulmão, estômago e coração, entre outros.

Isso acontece porque, de acordo com os chineses tradicionais, nosso organismo é formado de matéria e energia. Nossa força vital, conhecida por Chi, circula pelos meridianos do corpo. E quando desenvolvemos alguma doença, com certeza ela é ocasionada por algum problema na circulação do Chi. É importante ressaltar que o mundo científico atual não acredita nessa teoria.

O principal objetivo da acupuntura é, portanto, aliviar a dor. As agulhas e os outros instrumentos utilizados liberam substâncias químicas no organismo com efeito analgésico, atingindo as áreas prejudicadas. Mas também é utilizada em outros casos diferentes, já que, devido a essas substâncias liberadas, vários sintomas decorrentes de determinadas doenças são suavizados. A acupuntura pode ajudar a relaxar os músculos, a melhorar a pele, a digestão, entre outras coisas, o que a torna atraente por ser uma técnica eficaz e simples.

A Organização Mundial da Saúde fez uma lista com mais de 40 doenças para as quais a acupuntura é indicada. Para os chineses tradicionais, existem cerca de 300 doenças que podem ser tratadas por ela. A acupuntura é reconhecida como especialidade médica no Brasil – e não mais como medicina alternativa – desde 1995.

Acupuntura é indicada em casos de:

Sinusite, resfriado, faringite, bronquite crônica, asma brônquica, cólica menstrual, cólica durante a gravidez, ansiedade, depressão, insônia, mal-estar provocado pela quimioterapia, dores associadas ao câncer, tendinites, dores pós-cirúrgicas, enxaqueca, paralisia facial, seqüelas de acidente vascular-cerebral, artrose, artrite e outras.

Suplemento Escola/jornal Planalto Central - 30/11 a 06/12 de 2005

domingo, novembro 27, 2005

Fim

Todo início tem seu fim?

Tudo que começa chega ao fim? Provavelmente.

Às vezes temos que tomar as decisões mais difíceis para evitar o pior. Uma confusão de sentimentos e uma só certeza: era hora te terminar. Infelizmente não consigo controlar o que sinto. Por mais que eu tente, e por piores que sejam minhas "previsões", as coisas simplesmente acontecem. Aí vão alguns trechos do texto que escrevi ontem:

"Não sei o que sinto. Não sei como e nem o porquê. O que eu quero? O que eu não quero?"

"Não sei se quero ser compreendido. Eu mesmo não me entendo. Como exigir isso das pessoas?"

"Só queria pedir desculpas, as mais sinceras possíveis e dizer: foi bom enquanto durou."

PS: não sei porque estou colocando essas coisas no meu blog... meu objetivo nunca foi torná-lo uma espécie de diário. No entanto, o nome dele "Campo das idéias" não impede nenhum tipo de manifestação literária. Na verdade ele estimula a todas.

terça-feira, novembro 22, 2005

O lápis e a caneta

Aerton Guimarães
e Guilherme Rosa


Lá estavam o lápis e a caneta brigando, como costumeiramente faziam.

- E aí, canetinha, como é que você está?
- Tô um pouco atrasada.
- Atrasada? Mas por quê? A vida pode ser considerada curta, porém nós servimos para eternizá-la.
- O negócio é que o meu dono tem de escrever um texto e não está me achando!

- Não se preocupe, vou deixá-lo me usar. Ele não sentirá sua falta porque sou muito melhor que você, pois se ele errar pode apagar meu grafite.
- Isso mostra que você é volátil, pois sua escrita é facilmente desintegrável. Já a minha tinta necessita de materiais específicos para conter minha genialidade.

- E quem disse que ser cabeça dura é qualidade? Quando sou
indesejável, me retiram. E você que, além de insistente, estoura facilmente e pode manchar tudo ao redor?
- Fique sabendo de uma coisa: você serve para o rascunho, eu para a obra final.
- Entretanto, meu trabalho continua a ser indispensável!

Enquanto discutiam, o lápis e a caneta viram uma cena que os deixou aterrorizados: seu dono estava em frente ao computador digitando o texto.

Texto publicado na seção Crônicas do suplemento Escola/ jornal Planalto Central

sábado, novembro 19, 2005

Dez lições contra as drogas

Inspirado em programa criado nos Estados Unidos, Proerd faz importante trabalho preventivo entre os alunos do Ensino Fundamental. Crianças são conscientizadas dos malefícios causados pelos entorpecentes

Aerton Guimarães

O envolvimento de crianças, adolescentes e jovens com drogas é cada vez mais comum. Nas festas e até nas proximidades das escolas já é corriqueiro ver crianças de até 12 anos preparando o “suco gammi”, mistura de água, suco em pó e uma grande quantidade de vodka ou de cachaça. Outros tipos de drogas estão sendo consumidos em quantidade maior. E o que mais preocupa: os jovens ingressam nesse mundo a partir do uso do cigarro, álcool e maconha, principalmente, e têm acesso a essas drogas por meio de traficantes e colegas de escola.

Devido ao aumento do consumo de drogas lícitas (legais, como o álcool) e ilícitas (proibidas, a exemplo da maconha) entre crianças e adolescentes em idade escolar e também à ineficácia das campanhas preventivas feitas pelos órgãos públicos e privados, tornou-se necessário um trabalho efetivo e contínuo de prevenção ao uso de drogas entre os jovens que, supõe-se, ainda não tiveram contato com essas substâncias.

Foi daí que surgiu o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, o Proerd. Esse programa tem como modelo o D.A.R.E (Drug Abuse Resistance Education), programa desenvolvido em 1982 em Los Angeles, Estados Unidos, no qual a polícia desenvolve um papel fundamental na prevenção ao uso de drogas pelas crianças.

O programa criado pelos estadunidenses contempla a atuação de policiais de forma preventiva, didática e pioneira juntamente com as crianças. Desenvolvido por um grupo composto por psicólogos, psiquiatras, policiais e pedagogos, sob coordenação da psico-pedagoga Ruth Riche, o DARE obteve sucesso em todos os Estados norte-americanos, como posteriormente em mais de 50 países conveniados ao programa. A necessidade de um programa como esse fez com que ele chegasse ao país, primeiro no Rio de Janeiro, em 1992, um ano depois em São Paulo e, em 1998, em Brasília.

O Proerd é um programa de caráter social preventivo, que foi adequado no Brasil para os alunos de 4ª e 6ª séries do Ensino Fundamental. De acordo com a tenente Renata Cardoso, coordenadora do programa no Distrito Federal, as crianças com idades entre nove e 12 anos são as ideais para receber as lições do programa, pois é nessa idade que se tornam mais independentes da família. “A criança sai dos braços dos pais e se deixa levar pela pressão dos colegas. É aí que elas podem se deparar com as drogas”, observa a tenente.

O objetivo do Proerd é conscientizar as crianças dos malefícios das drogas para o organismo e a vida em geral, tornando-as mais críticas e capazes de resistir às pressões para usarem entorpecentes e também de dizer não à violência. Nas aulas elas recebem as informações necessárias. O programa também trabalha a auto-estima, além de ensinar os estudantes a tomarem decisões e a pensarem nas conseqüências de seus comportamentos.

A estudante do Colégio Rogacionista, Bruna Gomes, de 11 anos, participa do programa e não perde uma aula. “As aulas são interessantes e informativas. Antes delas eu podia até saber que as drogas faziam mal, mas não tanto”, explica. Ela diz que todos em sua turma gostam muito das aulas, pois conhecem um pouco mais sobre as drogas e se divertem aprendendo com o policial instrutor.

O trabalho depende da participação de três principais vias: a Escola, a família das crianças e adolescentes e o Batalhão Escolar da Polícia Militar, responsável por colocar em prática o programa. No total são dez lições para cada turma, na qual um policial fardado trabalha com uma apostila que exemplifica os malefícios psíquicos, físicos e sociais causados pelas drogas, além de tirar as dúvidas dos estudantes.

“Com a figura do policial fardado, a criança tem outra visão dele, pois passa a vê-lo como amigo e não mais com aquela imagem negativa”, explicou Renata. Várias atividades são oferecidas aos alunos, tanto dentro como fora de sala de aula, o que ajuda a preparar para o futuro uma geração consciente do exercício de sua cidadania.

Desde 2002 o programa existe em todos os estados brasileiros. No DF são 42 instrutores atuando neste semestre em várias escolas, que já formaram mais de 200 mil crianças no programa ao longo desses sete anos. Para participar do Proerd a escola interessada deve enviar ofício ao Batalhão Escolar do Guará I e, a partir de estudos de estatísticas do colégio e prioridades, poderá ser selecionada. Têm prioridade as escolas públicas.

Como o programa é implantado

O início do programa na escola é precedido por uma reunião com pais e educadores com o objetivo de divulgar o programa e orientar o engajamento e a participação de todos no processo. O policial deve comparecer à escola fardado, uma vez por semana, ao longo de um semestre, acompanhado do professor da turma, para ministrar as aulas.

As aulas estão organizadas em uma cartilha oferecida aos estudantes pela Secretaria de Educação que contém 10 lições. Além do livro do estudante, a criança recebe uma camiseta e um boné com a logomarca do programa, os quais serão distribuídos no dia da formatura juntamente com um certificado de conclusão do curso, quando o formando presta o compromisso, diante da polícia, da escola e da família, de resistir às drogas e à violência.

O corpo de instrutores é composto por policiais militares voluntários, os quais são selecionados observando-se a conduta moral e a experiência policial e com atividades sócio-educativas. Para serem selecionados, eles passam por vários testes e o crivo de uma banca examinadora composta por pedagogos e policiais. Depois fazem um curso de duas semanas na qual aprendem um pouco de pedagogia, entre outras coisas, e assim passam por um estágio supervisionado de seis meses atuando nas escolas.

DF é pioneiro na inclusão do Proerd no Ensino Especial

Brasília foi a primeira cidade do mundo a incluir o Ensino Especial no Proerd. Desde o ano passado, os alunos das classes inclusivas e escolas especiais também recebem a visita dos instrutores do programa, os quais trabalham com uma cartilha toda reformulada, adaptada para as crianças portadoras de necessidades especiais.

De acordo com a professora Mariany Matos dos Santos, que ajudou os instrutores na adaptação da cartilha, o resultado do trabalho foi muito positivo. “Fizemos uma parceria muito boa com a Polícia Militar. Eles mandaram um instrutor experiente nessa área de Ensino Especial e nós demos todo o suporte”, ressaltou a professora.

A implementação do programa para crianças especiais é importante, pois muitas vezes elas são usadas por traficantes como meio de acesso às drogas mesmo sem perceber. Com acompanhamento e aulas diferenciadas do ensino regular, elas aprendem com muitos exemplos e ilustrações a dizer não às drogas.

Capitão cobra dos pais comunicação com os filhos

As drogas apreendidas com maior freqüência nas escolas do Distrito Federal são bastante conhecidas dos jovens. Em primeiro lugar vem o álcool, seguido pela maconha, tabaco e merla. Esses são dados preocupantes, pois mostram que a influência da família também é um fator estimulante para o uso das drogas, mesmo que sejam as lícitas.

O capitão Cristiano Guedes, chefe da 3º seção do 6º Batalhão Escolar do Guará, diz que é necessário combater o uso do álcool e tabaco, além das drogas proibidas, pois se tornaram drogas banalizadas em razão de sua condição legal.

As crianças e adolescentes podem entrar em contato com as drogas muito facilmente nos dias atuais. Elas estão presentes na escola, na rua, com os colegas, em festas e shows. E até em casa no caso das drogas lícitas. É o caso do pai, que deixa um maço de cigarros à mostra ou mesmo uma lata de cerveja na geladeira, sem atentar para o fato de que, por causarem dependência química, o tabaco e a bebida alcoólica também são drogas.

De acordo com o capitão Guedes, as jovens buscam as drogas devido à falta de orientação da família. “Os pais devem participar da vida dos filhos, passar carinho e segurança. Se o pai pelo menos olhasse o que tem dentro da mochila do filho, as coisas já seriam diferentes”, sugere.
Essa falta de comunicação faz com que as crianças não tenham discernimento para saber o que é certo ou errado.

No ano passado, 41 armas de fogo foram apreendidas com jovens pela Polícia Militar. Destas, 10 estavam com estudantes. Além disso, foram pegos três alunos embriagados, quatro acusados de tráfico e 19 de porte e consumo de drogas. Números que poderiam ser maiores se a polícia tivesse um efetivo maior nas ruas.

Matéria especial do suplemento Escola/ jornal Planalto Central - 9 a 16 de novembro de 2005

sexta-feira, novembro 18, 2005

Estudantes vão a fórum na França

Dos 12 alunos da rede pública de todo o país, oito são do Distrito Federal. Eles foram escolhidos depois de passar por duas etapas de uma seleção

Aerton Guimarães

Eles tiveram que ralar muito para isso, mas conseguiram. Após meses de preparação, 12 estudantes da rede pública de ensino foram selecionados para representar o Brasil no Fórum Ciência & Sociedade 2005, em Paris, evento que faz parte das comemorações do ano do Brasil na França.

Dentre os 12 participantes, oito são do DF. Abder Rahman Yasimda Paz, 18 anos, Aline Santos Assunção, 16 anos, e Ana Carla Rocha Souza, 17 anos, são da rede pública do Guará; Caroline Lima de Oliveira, 16 anos, Luís Paulo Pereira de Sousa, 17 anos, e Pedro Henrique Davi Machado, também de 17 anos, estudam no Centro de Ensino Médio de Taguatinga e Rafael Bernardo Candeira, 20 anos, no Centro de Ensino Médio do Gama.

O professor de Química Fabrício Manoel de Jesus, do Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit), também foi selecionado para ir à Paris acompanhando os estudantes após passar pelo crivo de uma comissão julgadora que avaliou seu desempenho.

Para serem escolhidos, os estudantes tiveram de passar por uma seleção composta de duas etapas. Na primeira, depois de debaterem os assuntos, os alunos foram estimulados a escrever uma redação sobre o tema “O desafio do desenvolvimento sustentável”. Nela deveriam abordar pontos como saúde, alimentação e biodiversidade. Dos 31 que fizeram o texto, apenas 20 foram selecionados para a entrevista, na qual seriam discutidas outras questões, e, a partir dela, surgiram os oito finalistas.

Os adolescentes viajaram no domingo (6) e passarão duas semanas em Paris. Lá debaterão vários temas com professores, pesquisadores e estudantes franceses, tendo como foco os temas desenvolvidos em suas redações, além do que já é discutido durante todo o ano no Fórum aqui em Brasília.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, a experiência será boa, pois os alunos terão contato com outra cultura, além de gerar resultados práticos do ponto de vista do estímulo à pesquisa entre jovens. A viagem é patrocinada pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Secretaria de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Fórum

O Fórum Ciência e Sociedade existe no Brasil desde 2002. A partir de uma iniciativa da França, ele foi implementado no Rio de Janeiro e posteriormente em Brasília. Diferentemente de seu país de origem, em que ele é só um evento que dura alguns dias, no Brasil ele é uma atividade de ação contínua realizado o ano todo. Seu objetivo é popularizar a ciência entre os jovens e conta com diversas atividades, entre elas a visitação de museus, instituições de pesquisa, laboratórios, além de realizar trabalhos em grupos.

Matéria para a seção Parabólica, suplemento Escola/Planalto Central - 16 a 23 de novembro de 2005

terça-feira, novembro 08, 2005

Provetinhas da UnB

Hospital Veterinário faz sua primeira inseminação artificial em uma cadela. Sete filhotes vingaram
.
Aerton Guimarães
.
Emmanuel sempre quis que sua cadela Hera tivesse filhotes. Da raça American Staffordshire Terrier, uma das que deram origem ao Pit Bull, Hera tem dificuldades de socialização, o que nunca permitiu a aproximação de cachorros e portanto, a procriação.

Após perceber o problema, Emmanuel decidiu procurar uma clínica veterinária para que lá fizessem uma inseminação artificial. Sem obter sucesso, ele procurou o Hospital Veterinário da UnB, por indicação de um amigo. Chegando lá, viu que essa técnica nunca havia sido realizada no hospital, criando uma demanda que fora logo atendida.

Carolina Madeira Lucci, professora doutora da UnB, foi quem atendeu Emmanuel para conversar sobre a inseminação, e este explicou o problema. Como Hera estava no cio, os veterinários do hospital tiveram que agir logo no acompanhamento da cadela, já pensando numa data provável para a inseminação.

Emanuel foi o primeiro cliente do hospital veterinário da UnB a ter sua cadela num processo de inseminação. A professora Carolina, vendo que a cadela já tinha passado por um processo sem resultados, decidiu fazer cinco inseminações em Hera, enquanto o normal são duas ou três.

Depois de acompanhar o ciclo menstrual da cadela, os veterinários realizaram todo o processo, da coleta de sêmen à inseminação e, dois meses depois, oito filhotes nasceram, sendo que um morreu após o parto.Os primeiros cães de proveta geridos na UnB nasceram no dia oito de outubro e moram na casa de Emanuel, que pretende vender alguns deles.
.
............................................foto: Daiane Souza/UnB Agência
Filhotes da raça American Staffordshire Terrier, os primeiros
filhotes de proveta do Hospital Veterinário da UnB
.
A inseminação

De acordo com a professora Carolina, o processo de inseminação artificial é indicado para variados casos. Alguns animais, por serem mais frágeis, necessitam desse processo, devido à incompatibilidade de tamanho entre eles. A inseminação também é recomendada para os animais muito pesados, que se cansam durante o ato do acasalamento e muitas vezes não o completam. Os cães com dificuldade de socialização, como o caso de Hera e também aqueles que passaram por alguma cirurgia que os impedem de acasalar, também são motivos para realizar a técnica. A inseminação possibilita também a pureza de uma raça, pois em alguns casos não há parceiros para a cadela acasalar nas redondezas e então é necessário coletar sêmen de um macho de outra localidade.

As inseminações passaram a ser feitas na UnB visando não só tornar o processo mais acessível à comunidade, que pode escolher pagar pelo pacote ou por etapas (análise do ciclo da fêmea, coleta de sêmen e análise e a inseminação), mas também para difundir a tecnologia, considerada de ponta, e também pelo cunho acadêmico, pois possibilita aos alunos aprenderem pela prática nas aulas ou mesmo fazendo estágio no hospital.

A inseminação varia de animal para animal e de raça para raça. “Ela não acarreta desconforto algum ao animal e não oferece nenhum risco”, ressalta Carolina. “A anestesia por exemplo, só é necessária em alguns casos, quando o cão é muito estressado” lembra.

O valor pago por Emmanuel foi de R$ 400, o que incluiu todas as etapas citadas anteriormente além de cinco inseminações (o normal é fazer duas ou três, mas Carolina achou melhor fazer cinco para garantir o sucesso da inseminação).

Como é o processo

- Após identificar que a fêmea está no cio (pelo sangramento), o indicado é procurar um veterinário o mais rápido possível, em no máximo seis dias.
- Entre o 6º e o 9º dia o veterinário acompanha o ciclo da fêmea, por meio de esfregaços vaginais, para detectar o momento da ovulação;
- Depois de detectar a ovulação, começa a inseminação. São duas a três tentativas, realizadas em dias alternados. A inseminação pode ser por meio de sêmen fresco (deve ser coletado na hora ou minutos antes) ou sêmen resfriado (coletados com 24h a 48h de antecedência);
- O processo ao todo dura em torno de uma semana;
- Nos 20 primeiros dias após a inseminação, a fêmea deverá ter cuidados especiais. Os exercícios físicos pesados e agressões ao animal devem ser evitados e a alimentação da fêmea deve ser balanceada;
- No 25º dia é feito um diagnóstico de gestão por meio de ultra-som. Se confirmada a gestação, deve-se alternar a alimentação da fêmea;
- O período de gestação é de 60 a 65 dias.

Sobre a professora

Professora da UnB desde abril deste ano, Carolina Madeira Lucci é formada pela Universidade Federal do Ceará, possui Mestrado em Produção e Reprodução de pequenos ruminantes, também pela Federal do Ceará, e Doutorado na UnB, em Ciências Biológicas.
Ela coordena outros projetos de pesquisa na Universidade de Brasília, entre eles a conservação de sêmen de cães, o congelamento de ovócitos de suínos e bovinos e Inseminação artificial em ovelhas.

Serviço

A procura pelo hospital veterinário da UnB é grande. Além de inseminações, o hospital oferece praticamente todo tipo de serviços à população: atendimento clínico, vacinas, exames e cirurgias variadas.
O Hospital localiza-se no Campus Universitário Darcy Ribeiro e tem acesso pela L4 norte.
Matéria para a seção Eureka do suplemento Escola/Planalto Central

domingo, novembro 06, 2005

Yes, nós temos pesquisa!

Ilha de excelência em um serviço público sucateado, a Embrapa conseguiu alavancar o agronegócio brasileiro e mostrar ao mundo que o Brasil não é uma República de Bananas, como é estigmatizado no exterior

Aerton Guimarães

Se o serviço público, em seu conjunto, foi desmantelado nas últimas décadas, o mesmo não se pode dizer da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conhecida mundialmente por suas pesquisas e pela qualidade de seus projetos. Considerada uma ilha de excelência, destaca-se cada vez mais ao mostrar o que é possível fazer com um bom ambiente de trabalho e ótimos profissionais muito bem capacitados.

Vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Embrapa foi criada em 26 de abril de 1973, com o objetivo de viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável no meio rural, focando o agronegócio, que tanto movimenta nossa economia.

Há 37 Centros de Pesquisa da Embrapa no país, três Serviços e 11 Unidades Centrais, atingindo quase todo o território nacional. Visando criar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias para os mais variados segmentos sociais do país, a empresa se estabelece como um dos principais centros de pesquisas do mundo.

Atualmente a Embrapa conta com cerca de nove mil funcionários, mais de dois mil deles são pesquisadores com mestrado e/ou doutorado, ou seja, uma mão de obra bem qualificada que lida anualmente com um orçamento de pouco mais de R$ 850 milhões.

Os projetos coordenados pela Embrapa revolucionaram a produção rural brasileira, permitindo que o país se tornasse um gigante nessa área. O Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária – SNPA, constituído por empresas privadas, fundações e instituições públicas como as universidades, é o principal responsável pelas mudanças ocorridas no setor.

Com uma forte atuação em pesquisas de áreas geográficas e em vários campos de conhecimento científico, o SNPA fez, por exemplo, com que as regiões de cerrado se tornassem extremamente produtivas, representando 40% da produção brasileira de grãos. A produção de soja, carne, frango, leite e diversos outros produtos deu um salto qualitativo e quantitativo nos últimos anos, graças às tecnologias desenvolvidas pela empresa.

Projetos que envolvem biotecnologia também são hoje uma realidade na empresa. A Embrapa desenvolveu em 2001 a vaca Vitória, primeiro clone brasileiro, mostrando a alta tecnologia do país. A partir daí vários outros clones foram desenvolvidos utilizando a tecnologia de ponta que a Embrapa desenvolveu.

De acordo com Robinson Cipriano, coordenador de jornalismo da Embrapa, os projetos de pesquisa prioritários da empresa são os que atendem a demanda da sociedade e do governo. “Se a sociedade quer uma cenoura com mais vitamina A, nós buscamos desenvolver isso, o que de fato ocorreu, pois já criamos algumas variações desse tipo de cenoura” exemplifica. Para os projetos serem aprovados, os pesquisadores devem comprovar sua necessidade para a população.

O Brasil revolucionou a agricultura ao desenvolver a agricultura tropical. “Aqui temos duas safras por ano, diferentemente do resto do mundo” disse Robinson. A Embrapa conseguiu aplicar a tecnologia desenvolvida tanto aqui como no exterior, aliada à adequação ao clima do país. “Atualmente estamos fazendo pesquisas para desenvolver uma soja que seja resistente à seca, podendo ficar até sessenta dias sem uma gota de água”, explicou.

Para conseguir essas façanhas, as parcerias são imprescindíveis. Por isso, a Embrapa possui vários acordos com instituições nacionais e internacionais, sendo 275 deles de cooperação técnica com 56 países e 155 instituições de pesquisa internacionais, além de ter laboratórios para o desenvolvimento de pesquisa em tecnologia de ponta nos Estados Unidos e França.

A empresa também tem um caráter social, pois seus programas de pesquisa específicos organizam tecnologias e sistemas de produção que aumentam a eficiência da agricultura familiar e conseguem incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhorias em sua renda e bem-estar.

Clonagem rende frutos para a pecuária nacional

A clonagem de animais se tornou uma prática comum no Brasil. Em março de 2001 o primeiro animal, uma bezerra da raça simental, nasceu na fazenda da Embrapa em Brasília. Vitória, como foi batizada, é o primeiro clone produzido na América Latina.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento disse na época que seu objetivo era continuar investindo em tecnologia e sanidade animal e vegetal, por serem áreas prioritárias do governo, o que de fato aconteceu. Atualmente os projetos nessa área absorvem grande parte dos recursos disponíveis à Embrapa.

As pesquisas em reprodução animal iniciaram-se na empresa em 1984, e com o nascimento de Vitória e o investimento maciço em pesquisas relativas a esse assunto, o Brasil conseguiu entrar no seleto grupo de países que dominam essa tecnologia.

A clonagem faz parte dos projetos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a qual valoriza bastante essa técnica devido a suas importantes aplicações em diversas áreas associadas ou não à engenharia genética. Com a clonagem é possível conservar os animais ameaçados de extinção, aumentar a quantidade desses animais na natureza com facilidade e ainda por cima melhorar seus valores genéticos, ou seja, produzir animais mais resistentes.

A vaca Vitória possibilitou o desenvolvimento de outro clone, em 2003, a bezerra Vitoriosa. Criada a partir de um tecido da orelha de Vitória, a novilha Vitoriosa acabou falecendo aos quatro meses de vida, quando sofreu um “choque cardiogênico” causado por hipertensão arterial. A morte de Vitoriosa surpreendeu os pesquisadores, que estavam bastante otimistas em relação à bezerra, pois ela estava ganhando peso como qualquer animal de sua raça.

O terceiro clone de bovino da Embrapa recebeu o nome de Lenda, a qual foi produzida a partir de células do ovário de uma vaca já morta, em setembro de 2003. De acordo com a Embrapa, a clonagem a partir de células retiradas de um animal morto abre para a ciência um excelente precedente, já que além de possibilitar a recuperação de animais de alto valor produtivo, pode ser usada também para regenerar animais silvestres ameaçados de extinção que, freqüentemente, são vítimas de acidentes, como os atropelamentos.

Em setembro de 2004 nasceu a primeira filha de Vitória, comprovando que, num futuro próximo, será possível usar clones bovinos nos rebanhos comerciais, como disse Rodolfo Rumpf, pesquisador da Embrapa. Glória e sua mãe se desenvolvem normalmente como qualquer outro animal.

Outro sucesso da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é o nascimento das duas primeiras potras criadas a partir da técnica de bipartição de embriões. As gêmeas idênticas, Branca e Neve, que já possuem 11 meses de vida, foram desenvolvidas a partir de um único embrião, dividido em duas partes iguais, que foram transferidas para duas éguas receptoras, também chamadas de“mães de aluguel”.

A técnica de bipartição de embriões representa uma vitória para o país, tanto do ponto de vista comercial, como de preservação, pois permite aumentar o número de descendentes de um animal de alta qualidade com mais rapidez e eficiência.

Os clones bovinos mais recentes, as bezerras Porã e Potira, são consideradas um sucesso da integração entre o projeto de conservação de recursos genéticos animais e a moderna biotecnologia animal, já que são clones de uma fêmea bovina da raça Junqueira, que atualmente se encontra em alto risco de extinção no Brasil, com menos de cem animais em todo o país.

Conservação de Sementes: o futuro do campo

Um projeto de grande utilidade desenvolvido pela Embrapa é a Conservação de Sementes a longo prazo. Desenvolvido desde a criação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em 1974, a conservação como é feita é a melhor maneira para garantir a existência dos mais variados tipos de sementes.

A Embrapa tem 97 mil tipos diferentes de sementes, já que muitas vezes existem variações da mesma espécie, como é o caso do feijão, e conta com a integração dos diversos centros espalhados pelo Brasil para alcançar o sucesso deste projeto.

Quando as sementes são do território brasileiro, o procedimento é coletá-las para depois fazer a documentação. Mas quando é uma semente advinda do exterior, a primeira coisa a fazer é deixá-las em quarentena para realizar testes e identificar possíveis doenças Após recolher todas as informações necessárias sobre a semente, como sua procedência, por quem foi coletada, entre outras, as amostras passam por testes para garantir que o material germina normalmente.

Se for comprovado que a semente possui uma taxa de pelo menos 80% de germinação, ela é encaminhada para os testes de patologia, nos quais será possível identificar se ela contém alguma doença, fungos ou outros problemas que podem comprometer seu desenvolvimento. Se for identificado que ela possui uma taxa de menos 80 %, ela passa pelo processo de multiplicação e depois é regenerada, até essa porcentagem mínima ser alcançada.

Retirando-se a umidade da semente para armazená-la, ela é colocada em pacotes bem vedados e que possuem um código de barras para a posterior identificação do material. Normalmente são armazenadas entre 1.500 e 2.500 sementes de cada variedade de planta em câmaras frias, numa temperatura constante de - 20 ºC.

O método é interessante, pois possibilita que as sementes sejam guardadas por vários anos. O ideal é que seja feito um processo de monitoramento dela, no qual testes são realizados para comprovar se sua taxa de germinação continua alta. Quando é necessário fazer a multiplicação das sementes, processo no qual algumas são plantadas e meses depois coletadas, elas são enviadas para os diversos centros de pesquisa do Brasil, por demandar utilização de um grande espaço para este fim. Após tal procedimento, eles enviam as sementes boas novamente para a sede, em Brasília.

O pesquisador Gerson de Luces Fortes, que trabalha na área de clonagem de plantas, diz que o processo é bastante eficiente. “Temos sementes de soja guardadas aqui há mais de 25 anos e que possuem uma taxa de 95% de germinação”, exemplifica.

Porém, existem muitos tipos de sementes que não podem ser armazenadas dessa maneira, pois ao perder a umidade, após sua coleta, tornam-se inativas. Por causa disso, foi desenvolvido o método de conservação in Vitro. Nele, as sementes são colocadas em tubos de ensaios com umidade parecida com a do solo. “Esse é um processo mais trabalhoso, pois temos que fazer o monitoramento nas sementes todos os anos”, disse Gerson.

Uma das novidades que a Embrapa pretende apresentar nos próximos anos é a conservação de sementes em nitrogênio líquido, a chamada criobiologia vegetal. Esse recurso é utilizado atualmente no armazenamento de embriões humanos, na qual a temperatura é de - 196 ºC. Com isso, o objetivo é conseguir com que as sementes sejam guardadas pela eternidade, já que a tão baixas temperaturas, as taxas de reação da semente são praticamente nulas. Conseqüentemente, ela não envelhece.

Matéria especial de duas páginas (formato standard) para o jornal Planalto Central.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Três tons

Minha mãe adora corujas!
Tirei essa foto em frente ao CACOM no semestre passado. O objetivo era colocá-la no portfólio de Introdução à Fotografia, mas acabei colocando outra melhor ainda! Bom, eu achei...

terça-feira, novembro 01, 2005

Mudanças no processo seletivo de pós-graduações da UnB

Ministério Público faz recomendações à universidade para que a seleção se torne mais objetiva
Aerton Guimarães

O processo seletivo de mestrado e doutorado da Universidade de Brasília é alvo constante de críticas e reclamações no Ministério Público. Ao investigar o motivo para tantas reclamações, o procurador da república do Distrito Federal, Carlos Henrique Martins Lima, encaminhou uma recomendação à universidade para que esta adeqüe os processos de seleção dos cursos de pós-graduação de todos os seus departamentos, a fim de que ela não restrinja o acesso dos candidatos e assegure a isonomia dos direitos a eles.

O Ministério Público analisou e considerou ilegais os editais publicados pela instituição para o mestrado e doutorado, sendo sua maior crítica a falta de transparência no procedimento de escolha dos candidatos. Por ser um concurso público, o processo seletivo deve obedecer as exigências constitucionais e, portanto, não pode ter requisitos considerados subjetivos tais como: cartas de recomendação como forma de avaliação do candidato, declaração dos meios financeiros de que dispõe o pretendente para cursar mestrado ou doutorado (viabilidade financeira) e entrevistas com objetivo de avaliação da maturidade e nível intelectual do candidato (de cunho eliminatório).

Em defesa da UnB, o decano de Pesquisa e Pós-Graduação, Noraí Rocco, disse que as seleções para as pós-graduações possuem particularidades diferentes das dos concursos públicos, pois a avaliação recai sobre os estudantes, e não sobre os profissionais.

Foi dado à UnB um prazo de 20 dias (contados a partir do dia 16 de agosto), para que ela se manifestasse sobre as recomendações do Ministério. Procurado pela equipe do Jornal Planalto Central, o decano Noraí Rocco não foi localizado para esclarecer se o processo seletivo fora modificado ou não.


As recomendações feitas pelo MPF

- Que sejam estabelecidos critérios objetivos de avaliação dos documentos apresentados – em lugar de termos imprecisos como “potencial de crescimento acadêmico do candidato” –, bem como excluída a mensuração de carta de recomendação;

- Que seja feita a observância do princípio constitucional da ampla defesa, ou seja, os candidatos devem poder recorrer das decisões da banca examinadora;

- Que a prova oral substitua a entrevista e seja pública, acerca de conteúdo da matéria e que sua gravação seja permitida;

- Que a prova de línguas seja exigida de todos os candidatos, residentes ou não no exterior. O edital permite que candidatos residentes no exterior apresentem certificação de proficiência nas línguas exigidas;

- Que seja dada a devida publicidade ao certame, tanto em seus atos preparatórios, quanto aos resultados;

- Que seja feita a correção das provas apenas pelos professores ou membros da banca que disponham de titulação formal para a disciplina corrigida;

A AÇÃO CIVIL RESSALTA AINDA QUE:

- “Declaração de tempo disponível e de meios financeiros” como exigências para seleção nos referidos cursos ferem as exigências constitucionais e legais, além de se constituírem em elemento de discriminação, razão pela qual devem ser excluídas.

Matéria para a seção Sala do Mestre. Suplemento Escola/ Jornal Planalto Central