sexta-feira, dezembro 23, 2005

Silenciosa caçadora das noites



Predadora voraz de roedores, répteis, escorpiões e gafanhotos, coruja mantém o equilíbrio ambiental e ajuda a livrar as lavouras das pragas
Aerton Guimarães

Ao contrário do que as pessoas acreditam, a coruja não é um animal de mau agouro. Esse preconceito surgiu porque era o animal preferido das bruxas por ser silenciosa. Mas antes disso,(vírgula) os gregos a reverenciavam como um símbolo da sabedoria.

Essa pequena ave pode variar de 17 a 51 centímetros de altura, dependendo da espécie, e é bastante inteligente, mas com um temperamento tímido e arredio. Durante o dia ela se esconde para dormir e passa as noites caçando suas presas. Sempre atenta a tudo que se movimenta, ela chama a atenção das pessoas pelos grandes olhos arregalados. Voraz, pode atacar outros pássaros, como pardais, gafanhotos, roedores, répteis e até escorpiões.

Ao contrário do que as pessoas pensam, a coruja não é cega durante o dia. A visão diurna do animal é igual à dos outros pássaros. Na verdade, até mais acurada. Ela tem um campo visual maior que o das outras aves, por isso sua pupila se dilata para aproveitar ao máximo a luz, já que ela não enxerga melhor à noite.

A coruja é extremamente útil e necessária para o equilíbrio da ecologia. E também para a agricultura, já que caça animais que agem como pragas nas plantações. Se for colocada em uma plantação de trigo, por exemplo, ela poderá acabar, sozinha, com todos os ratos que se aproximarem.

Da ordem dos Strigiformes, a coruja é um rapinante noturno de cabeça grande proporcionalmente ao corpo, aparentemente maior por causa da plumagem, grandes olhos fixos, posicionados para frente (ao contrário da maioria dos outros pássaros, que têm os olhos nos lados da cabeça). Seus ouvidos são bastante aguçados e a plumagem, macia. São penas fofas e soltas. Elas não costumam tomar banho, pois molhadas não podem voar devido à densidade de suas penas, mas muitas gostam de ficar na chuva.

Existem dezenas de espécies de coruja pelo mundo e 18 no Brasil. As mais comuns são a coruja suindara, também conhecida como igrejeira (pois gosta de ficar nas torres de igrejas ou em casas abandonadas), a coruja buraqueira, encontrada no Cerrado, constantemente vista em Brasília, a coruja do mato e a orelhuda.

A coruja-buraqueira recebeu esse nome porque vive em buracos cavados no solo. Embora seja capaz de cavar, ela vive nos buracos abandonados por tatus, cupins e tocas de outros animais. Ao contrário do que acontece com a maioria das corujas, o macho da buraqueira é ligeiramente maior que a fêmea e, normalmente, mais claro. Tem uma visão 100 vezes mais penetrante que a humana e ótima audição. Voa suave e silenciosamente.

Os maiores inimigos das corujas são os gaviões, cobras e gatos do mato. Muito esperta, ela tem uma característica interessante: é capaz de virar a cabeça num ângulo de 180º e de esticar o pescoço para cima, o que a ajuda a escapar de seus predadores.

A coruja vive de dez a quinze anos e bota em média de seis a onze ovos de uma só vez. O período de incubação é de 28 a 30 dias. Enquanto a fêmea cuida dos ovos, o macho providencia a alimentação e a proteção da companheira e dos filhotes.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Fim da Greve

Docentes decidem acabar com a paralisação devido ao esfacelamento da greve
por Guilherme Rocha e Aerton Guimarães

Os professores da UnB decidiram hoje em assembléia terminar a greve que já durava mais de cem dias. 88 professores votaram pelo final da greve a partir do dia 19 (segunda-feira próxima), 26 votaram pela manutenção do movimento e 9 abstiveram-se.

Antes mesmo da votação, tudo indicava o término da paralisação. Os discursos dos membros da ADUnB já tinham indícios de que o fim da greve era inevitável. Inclusive, algumas pessoas favoráveis à manutenção do movimento já o davam como encerrado.

A reviravolta no pensamento dos professores, que na assembléia de terça votaram pela continuação da greve, deu-se após a reunião do Comando Nacional de Greve da ANDES na quarta-feira. Nela boa parte dos delegados dos Comandos Locais decidiram por orientar os sindicatos filiados a saírem do movimento.

O argumento que mais influenciou a decisão dos professores foi o de que, após as assembléias das Instituições Federais, apenas oito, entre elas a UnB, decidiram manter a greve, o que mostrou a fraqueza do movimento que chegou a possuir a adesão de 40 universidades pelo país.Com a participação de 126 docentes, a assembléia decidiu, portanto, pelo fim da greve.

A volta às aulas só serão decididas após a reunião do CEPE, único órgão responsável pela decisão. Entretanto, alguns cursos já definiram a volta no dia 9 de janeiro, como é o caso do Direito e da Ciência Política.Informações, análises e opiniões logo mais no Blog do CACOM.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Universidade se aproxima da sociedade

Projetos de extensão desenvolvidos na UnB promovem a interação dos alunos e ajudam a melhorar a qualidade de vida da população do Distrito Federal

Aerton Guimarães

Quando foi idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília tinha um plano inovador. Não só sua estrutura física seria diferente das demais universidades brasileiras, mas todo o sistema de ensino. Ela foi a primeira universidade do Brasil a ser dividida em institutos centrais e faculdades. E, assim, foram criados os cursos-tronco, nos quais os alunos tinham a formação básica e, depois de dois anos, seguiam para os institutos e faculdades, o que não existe mais, já que atualmente os alunos entram diretamente em seu curso de graduação.

Um dos grandes sonhos de Darcy Ribeiro está ganhando cada vez mais espaço. Um forte elo entre a universidade e a comunidade se concretiza, principalmente devido aos projetos de extensão desenvolvidos na UnB. De acordo com a assessoria de comunicação da universidade, os projetos de ação contínua (com duração de um ou mais anos em diversas comunidades) aumentaram quase 100 % nos últimos oito anos. Assim como os cursos oferecidos à comunidade, que tiveram um aumento de 130 % de 1997 a 2004, o que representa um total de 438 cursos realizados só no ano passado.

Os projetos permanentes da UnB são atividades contínuas de extensão e contam com a participação de alunos, professores e em alguns casos da comunidade. O principal objetivo é buscar o desenvolvimento de estudos e pesquisas, a interação dos alunos e a integração do meio acadêmico com a sociedade. Para isso, as faculdades, institutos, decanatos e diretorias criam e implementam os programas.

Projetos como o RelNet (que disponibiliza e articula informações especializadas sobre Relações Internacionais e áreas conexas), o SOS Imprensa (uma espécie de observatório da imprensa que também funciona como ouvidoria àqueles que se sentem lesados de alguma forma pela mídia), o projeto Cão Guia de Cego (que objetiva proporcionar uma melhoria na qualidade de vida dos portadores de deficiência visual), o Com-Vivência (responsável por desenvolver ações integradas de estudo e atendimento a pessoas portadoras do HIV/Aids e familiares) e vários outros na área de saúde, nos quais os estudantes visitam as famílias nas cidades-satélites, são apenas alguns exemplos dos mais de 110 projetos de ação contínua da universidade.

Todos têm a ganhar com essas iniciativas da universidade. Os professores repassam seu conhecimento pela prática, os alunos atuam junto à população com embasamento teórico, o que os ajuda no desenvolvimento tanto pessoal como profissional e, claro, a comunidade participante, que recebe informações e assistência dos alunos de graduação da UnB.

Os estudantes interessados em participar dos projetos poderão trabalhar como bolsistas ou voluntários. O valor das bolsas de extensão é de R$ 130,00 e elas são oferecidas pelos fundos da própria universidade.

Seção Sala do Mestre - caderno Escola/ jornal Planalto Central - de 16 a 23 de novembro de 2005

A solidão da Águia

A solidão da Águia
Aerton Guimarães

Tenho coragem para lutar com os mais temíveis predadores, pois sou o rei dos ares. Mas de que isso adianta, se não tenho com quem partilhar minhas alegrias pós - vitórias?

Minha força vai além do meu olhar e é imensamente maior que minha beleza. No entanto, para quê saber disso se não tenho para quem vangloriar-me?

Com determinação sei que tudo posso. Ouço as vozes dos campos e o eco do mar. Vejo a imensidão do céu e as grandes árvores da Terra. Sinto a frieza da atmosfera, e a solidão do ar.

Durante toda a minha vida quis ser igual aos outros. Ter um lugar para descansar e alguém para acalentar. Queria poder contar meus anseios, esclarecer minhas dúvidas e discutir meus pensamentos.

Quero sentir-me parte de todos os lugares pelos quais passei. Quero mover montanhas com um simples olhar. Quero relaxar ao sentir a brisa e as gotas refrescantes da chuva e, claro, quero ser o melhor ao voar.

Sinto-me sozinho, mas nunca tive coragem de contar a ninguém. Tento viajar pelos caminhos mais belos. Ver as orquídeas, as rosas e os mais verdejantes bosques, além de conhecer os rios cintilantes. Quero ver o que não consigo, e por isso vou além. Nunca desisto, porém o cansaço começa a me desanimar.

Consigo sempre me renovar. Ao encontrar uma bom lugar para refletir, é lá que inicio todo o processo. São horas, dias, semanas e às vezes meses. Primeiro o bico, já gasto por toda uma vida. Depois as garras, que após tantas presas e aterrissagens perigosas, necessitam ser trocacas. E finalmente as penas, que me proporcionarão um bom deslize ao voar. É um ciclo doloroso, todavia necessário, o qual me permitirá viver por longos anos saudavelmente.

E repito: para quê tudo isso? Não me sinto feliz. Não me sinto completo. Posso ver tudo por cima, mas de que isso adianta se não consigo interagir? Se tudo o que penso é que estou preso numa jaula que se chama solidão? Penso naquilo que poderia ter vivido e nos lugares inexplorados. Penso no que não vi, e também no que não senti.

Quando morrer, não quero tristezas nem lamentações. Quero que o sol nasça, resplandecente como sempre, dando vida ao inanimado e iluminando o antes escurecido. E que se ponha, com sua beleza singular, em mais uma dia igual aos outros.

Texto para a disciplina Oficina de Texto - 2º semestre de 2005

terça-feira, dezembro 06, 2005

De olho na mídia

Aerton, Jully, Carol, Ju e Gui Rocha


Projeto de extensão da UnB dá uma aula nos quesitos responsabilidade e análise crítica
Aerton Guimarães

A mídia está sempre presente em nossas vidas. É por meio dela que nos conectamos ao mundo, pois está em todos os lugares e situações presenciando os acontecimentos. Muitas vezes a imprensa também julga os acontecimentos, transformando-se numa espécie de juíza. Mas muita gente se pergunta: cabe realmente a ela esse papel?

Os meios de comunicação pregam a busca incessante da imparcialidade como critério do bom jornalismo. Mas eles erram e muito. E erram feio. Acabam divulgando informações erradas e denúncias que prejudicam pessoas. Como se proteger de uma situação dessas? Se uma grande rede de televisão diz algo sobre uma pessoa e essa informação não é verdadeira, a imagem do indivíduo pode ter sido ser difamada e este, por mais que tenha direito de resposta, nunca mais será respeitado pela comunidade.

Foi pensando nesse problema que em 1996 surgiu o SOS Imprensa, uma iniciativa de um grupo de professores e alunos da Universidade de Brasília (UnB). Surgiu como um projeto de pesquisa e acabou se transformando em um projeto de extensão da universidade.

Sob a coordenação do professor Luiz Martins, da Faculdade de Comunicação Social, o projeto conta com a participação de alunos bolsistas e também de voluntários que buscam justamente exercer a cidadania diante do poder da mídia, na qual devem trabalhar ao se formarem na faculdade.

Os estudantes fazem pesquisas, clippings (resumo das matérias divulgadas em jornais e Internet) sobre casos de abuso da mídia e colocam-se como autênticos observadores da imprensa. O projeto também funciona como uma espécie de ouvidoria. A pessoa que se sente lesada de alguma forma pela mídia pode procurar o SOS pelo site na Internet ou por telefone que receberão atendimento e orientação dos alunos quanto aos seus direitos e aos procedimentos que deve tomar. O site funciona ao mesmo tempo como fonte de pesquisa por ter grande acervo de casos analisados no projeto e também os clippings.

Além desses serviços, o SOS participa de eventos apresentando seminários, nos quais seus integrantes contam os casos com os quais vêm lidando de situações de injúria, difamação e calúnia. Debates sobre a ética na imprensa também são constantes. Tudo isso capacita os estudantes a terem uma visão muito mais crítica da mídia, preparando-os para a profissão de forma mais responsável, já que trabalham em um projeto que presta um serviço à sociedade.

Saiba diferenciar
Injúria: ofensa à dignidade ou ao decoro.
Difamação: ofensa à reputação.
Calúnia: acusação falsa de crime.

Serviço

Telefone: 3307-2024
Site: www.unb.br/fac/sos
e-mail: sosimpre@unb.br

Matéria do caderno Escola/Jornal Planalto Central - 07 a 14 de Dezembro de 2005